Para os puristas, a CB 1000 R é uma moto como uma moto deve ser. Simples, minimalista, acertiva, previsível, fruto de uma receita seletiva que elimina quaisquer componentes, carenagens e recursos que não sejam indiscutivelmente essenciais. Tudo em nome de um único sentimento: o prazer de pilotagem.
A naked topo de linha da Honda é um verdadeiro brinquedo dos sonhos para maiores de 18 anos e isso ficou evidente logo nos primeiros minutos do teste com o modelo 2022, realizado entre São Paulo e Minas Gerais. E em meio a todas as qualidades e adjetivos que envolvem o modelo, um detalhe capturou nossa atenção, sua elasticidade.

Teste Honda CB 1000 R, a bruxa da elasticidade
Que uma naked derivada de uma superbike deve ter uma potência animal, todos sabemos; que ela deve ter um motor de quatro cilindros que entrega potência de forma interminável à medida em que a rotação sobe é igualmente senso comum… Mas a CB 1000R vai além do óbvio.
A elasticidade de seu motor é surpreendente. Herdado da CBR 1000RR Fireblade da geração anterior, o conjunto de 998 cm³ recebeu vários ajustes para se adequar à proposta ‘mais mansa e versátil’ da naked e parece ter encontrado o casamento perfeito com seu câmbio de 6 velocidades.
Assim, com a CB é possível rodar tranquilamente a 50 km/h em sexta marcha, sem qualquer tranco ou engasgo. Logo, é fácil andar na cidade, onde a moto perdoa todos toques imprudentes no acelerador e faz com que o piloto esqueça que tem mais de 140 cv entre suas pernas.
A mesma elasiticidade lhe faz dócil para passeios despretensiosos, como ao curtir a paisagem numa estrada de interior abaixo dos 100 km/h. Mas basta um toque mais firme no punho que o modelo descarregar potência sobre a roda traseira, fazendo números pipocarem no painel TFT. Tudo na mesma marcha, se o piloto preferir.
Como é rodar com a nova CB 1000 2022
Anotou o que falamos sobre elasticidade? Ela torna plenamente possível qualquer incursão nas cidades – apesar desta, definitivamente, não ser uma moto para delivery. E o detalhe sobre mais de 140 cv de potência? São 142,8 cv à disposição de quem tiver coragem de acelerar até os 10.500 rpm – passando pelo pico de torque, de 10,2 kgf.m, aos 8.250 rpm – garantindo diversão em nível profissional para rodovias e estradas sinuosas. E pistas, é claro.
E o diferencial na CB está justamente na sua versatilidade. Ela pode ser tanto uma máquina para circuitos empurrada aos céus pelo motor de superesportiva quanto uma companheira dócil para pacatos passeios de final de semana, rodando com suavidade dentro das velocidades máximas das rodovias. A escolha é do piloto.
Consumo e desempenho
Baixo consumo não é um fator determinante ne escolha para uma moto de 142 cv, certo? Quisesse economia comprava uma Biz 125, ou um Uno Mille com plaquinha L do Rio de Janeiro… Mas até que a CB mandou bem nesse quesito. Segundo o computador de bordo, seu consumo ficou entre 16 km/litro e 18 km por litro durante o teste.
Outro fator que precisa ser destacado no teste com a CB 1000 R é sua estabilidade. O modelo passa segurança independente da tocada, piso ou velocidade, sempre com trabalho irrepreensível no quesito. Certamente, fruto do ótimo acerto entre chassi (Diamond Frame, subseção em alumínio) e suspensões, com Showa Separate Function Front Fork (SFF-BP) na dianteira. É a excelente ciclística que faz possível extrair toda a esportividade da naked.
Visual: CB 1000 R chama a atenção por onde passa
No visual, mais uma avaliação positiva. Foi a CB 1000 a primeira moto da Honda a adotar o conceito visual Neo Sports Café, numa espécie de releitura moderna das clássicas cafe racer. Assim, traz referências e traços das motos anos 1950 e 1960 a um projeto moderno e bem resolvido.
Aliás, a pegada minimalista conquistou espaço dentro do lineup da marca. Desta forma, o mesmo conceito NSC pode ser visto na CB 650R aqui no Brasil e em mais alguns modelos do exterior, como a CB 125 e a CB 300R, que adoraríamos ter por aqui.
Novidades da CB modelo 2022
O visual retro-moderno NSC é o mesmo, mas a CB 2022 ganhou alguns upgrades em relação à sua antecessora, modelo 2021. Deste modo, a moto à venda tem novas rodas, tampas laterais, protetor do radiador, formato do farol, painel e cor do sub chassi. O motor também recebeu alguns pequenos ajustes e acabou ficando 1,4 cv mais potente.
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Eletrônica
Logo no início do texto falamos que a CB é uma purista, abrindo mão de tudo que não é indiscutivelmente essencial, lembra? Então não espere um pacote eletrônico imenso, com uma interminável lista de recursos e ferramentas inovadoras aqui.
O modelo conta com tela TFT de 5 polegadas e sistema de conectividade Honda Roadsync, no qual é possível gerenciar ligações e responder mensagens por comando de voz – desde que haja um comunicador no seu capacete. Provavelmente, este é o seu principal atributo no quesito.
No restante o pacote é bastante simples. Há controle de tração, freios ABS (não adaptado para curvas), iluminação full LED, os já conhecidos 4 modos de piotagem da geração anterior (sendo um personalizável), alerta de frenagem de emergência, acelerador eletrônico e embreagem deslizante. Recursos como espelhamento de GPS, cruise control, aquecedor de manoplas, quickshifter bidirecional, suspensões eletrônicas e cornering lights, por exemplo, ficaram de fora do conjunto.
A Black Edition
Pintada em preto e coberta por tons foscos, a Black Edition é a cereja do bolo dentro da família CB. O modelo se diferencia pelo visual escurecido, que ressalta a esportividade e poder da naked. De quebra, vem de série com visor frontal preto e monoposto, itens vendidos apenas como opcionais na versão tradicional. E ainda tem quickshifter, não encontrado nem como acessório nas irmãs coloridas.
Quanto custa a CB 1000 R 2022
Montada em Manaus, a CB 1000R 2022 tem preço sugerido de R$ 71.900 e pode se encontrada nas lojas em vermelho e prata, ambas as cores metálicas. Já a Black Edition tem PPS de R$ 79.970. Segundo a Fipe, os preços médios praticados pelas concessionárias são R$ 77.240 e R$ 83.799, respectivamente.
Conclusão: a nova CB 1000 vale a pena?
Como uma boa naked de 1000 cc, a CB pode não ser a melhor moto para viajar, encarar a cidade ou rodar com garupa – nem pense em colocá-la na terra, claro,- mas é uma opção interessante quando procuramos por um brinquedo de gente grande.
É uma moto totalmente focada no prazer de pilotagem, não na razão, e pode garantir horas de felicidade em passeios de final de semana e até incursões na pista, como em track days. Num nicho restrito, tem recursos interessante para brigar diretamente com Kawasaki Z 1000 (PPS R$ 71.190) e Suzuki GSX-S 1000 (R$ 73 mil). Em breve, a nova geração das GSX e BMW S 1000 R devem se juntar ao páreo.