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Certamente vocçê já ouviu falar dela, afinal a Yamaha RD 350 marcou época no mercado de motos brasileiro – e rivalizou com a Honda CBX 750, a 7Galo, o que provavelmente foi o maior embate sobre duas rodas já visto no país. Hoje vamos falar sobre a segunda geração da esportiva, produzida no Brasil de 1986 a 1995.

A RD 350 é um dos maiores ícones da indústria de duas rodas no Brasil. E é fácil entender o porquê

RD 350 no Brasil

A primeira geração da ‘Viúva Negra’, como ficou conhecida, chegou ao Brasil em 1974, dois anos antes do início da proibição das importações de carros e motocicletas, e não chegou a ser fabricada aqui. Com uma entrega de potência de forma abrupta e baixa capacidade de frenagem, logo ela recebeu o apelido em homenagem ao inseto mortal. Era movida por um motor de 2 tempos, dois cilindros em linha, de 347 cm³, que entregava 39 cv a 7.500 rpm e 3,8 kgf.m de torque a 7.000.

Primeira geração da RD 350 chegou ao Brasil nos anos 1970, através de importações. Criada para acelerar mas sem muita aptidão para frear (inclusive com tambor na traseira) logo recebeu o apelido de Viúva Negra

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Já a segunda geração da RD 350 foi lançada no final de 1986, já como modelo 1987, e marcou o início de um novo momento da marca japonesa no país. Afinal, era produzida na recém-construída fábrica da Yamaha em Manaus, edificada justamente com o propósito de possibilitar o desenvolvimento de modelos maiores e mais complexos no Brasil. Assim, na planta ganharam vida tanto a RD 350 LC (de Liquid Cooled) e XT 600Z Ténéré.

Além da RD 350, a grande XT 600Z Ténéré também era montada na recém-inaugurada fábrica de Manaus

RD 350 ou CBX 750?

Esta pergunta se mantém atual, mesmo passados mais de 30 anos. A RD 350 competia com a Honda CBX 750F no escasso segmento de motos esportivas que, diante da proibição de importações, era alimentado por pouquíssimas opções.

Entre o anúncio da RD 350 e sua chegada ao mercado se passaram quase três anos. Neste período a Honda agiu e trouxe uma concorrente à altura, a CBX 750F

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A RD foi anunciada em 1984, mas a produção acabou atrasando e a Honda aproveitou a brecha para trazer ao mercado uma rival à altura. Não a CB 450, mas uma tetracilíndrica, carenada, imponente. Assim, a CBX 750 chegou em 1986 e passou a ser nacionalizada no mesmo ano da concorrente, em 87.

Embora rivalizassem na performance e até hoje dividam a preferência dos apaixonados por motos, as duas tinham concepções e preços bem distintos. Na época do lançamento a 7Galo custava o equivalente a 29 mil dólares, o que lhe rendeu o título de moto 750 cc mais cara do mundo. Já a Yamaha custava praticamente a metade disso.

Leve, pequena e ágil, a RD 350 nasceu para as pistas

Diferentes, a CBX era grande e pesada. Com 1.490 mm de entreeixos (12 cm a mais que a RD) e 241 kg (quase 80 acima da Yamaha), a Honda buscava oferecer conforto e alto desempenho, quase que como numa sport touring. Seu motor de quatro cilindros e 747 cm³, com 4 cilindros em linha e 16 válvulas, rendia 82 cv a 9.500 rpm e 6,5 kgf.m de torque a 8.000 rpm.

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Se ter uma esportiva hoje já é símbolo de status, imagine no distante universo dos anos 1980

Famoso motor da Yamaha

A receita da Yamaha, por sua vez, era bem diferente. A RD 350 era leve e compacta, como uma moto criada para as pistas – fazendo jus à adoção do nome, uma vez que RD significa Race Developed, ou ‘desenvolvida para corridas’.

RD 350, chamada de RZ em alguns mercados, tinha o famoso sistema YPVS

Era movida pelo inédito motor de 2 tempos, 2 cilindros em linha e arrefecimento a líquido, diferente do sistema a ar que refrigerava a RD da década anterior. Com 347 cm³, o propulsor entregava 55 cv a 9.000 rpm e 4,74 m.kgf de torque a 8.500 rpm, trabalhando em conjunto de dois carburadores Mikuni VM 26 mm e câmbio de seis velocidades.

Mas havia um trunfo, o YPVS. O ‘Yamaha Power Valve System’ era um sistema simples, que consistia numa borboleta na exaustão de cada cilindro, localizada antes dos tubos do coletor de escapamento. Elas ficavam entreabertas no momento da partida e se abriam progressivamente, conforme subiam as rotações, até a liberação completa dos gases aos 5.000 rpm. Ou seja, quando o YPVS ‘abria’ entregava toda a potência do propulsor, exigindo perícia do piloto.

Fim da produção

Com o passar dos anos, a RD 350 LC passou por uma discreta evoluçãoe foi produzida em diversos países. No Japão foi fabricada de 1980 a 1986. Em países como os EUA e a Austrália, os modelos já equipados com o YPVS foram vendidos como RZ 350. Já o Brasil manteve sua produção até 1993, já com a RD 350R. O mesmo motor da motocicleta, mas sem o YPVS, equipou o quadriciclo Yamaha Banshee 350 até 2012.

Produção no Brasil se manteve até 1993, quando a RD 350 (já na versão R e com dois faroi na carenagem) passava a dividir espaço com motos importadas

Por aqui, ao longo do tempo em que esteve em linha, a Yamaha RD 350 sofreu poucas mudanças. A principal atualização foi a carenagem, que cobria o motor de forma integral a partir de 1988. No mesmo ano ganhou discos de freios ventilados e suspensão dianteira Showa. Para 1991 o formato do farol mudou, quando o retangular deu espaço aos dois faróis redondos A produção local do modelo se encerrou em 1993, quando as motos importadas entraram com força no país, com a abertura das exportações.

Banshee, o quadriciclo com motor de RD 350, foi fabricado até 2012

Pontos positivos

Assim como a CBX 750, a RD 350 é um ícone nacional. Seu principal destaque é o vigoroso motor de 2 tempos, que se tornou sinônimo de esportividade e aventura, travando infinitos embates com motos (às vezes muito) maiores e de 4 tempos. Além disso, seu visual era inspirado na RD 500, uma esportiva com motor de 499cm³, 2T, de 88 cv e que nunca veio ao país.

RD 350 chama a atenção pela ficha técnica, mas ainda mais pelo desempenho

Pontos negativos 

Uma vez cultuados, hoje o som, vibração e o cheiro do motor 2 tempos pode desagradar aos mais jovens ou desavisados. Somado a isso, a posição de pilotagem mais inclinada, ao estilo racing, dificulta a vida de quem quiser usá-la no dia a dia.

Yamaha RD 350 vale a pena?

Mesmo aposentada há quase 30 anos, a Yamaha RD 350 segue despertando o interesse de apaixonados por motos, atraídos pela energia entorno de seu nome, desempenho e design. Pode ser a companheira perfeita para passeios de final de semana e eventos de motociclistas. Encontrar uma em bom estado, porém, é um trabalho árduo – e tirá-la de seu dono será caro, com toda a certeza.

Diante da (quase) impossibilidade de encontrar uma RD 350 com todos componentes originais e em boas condições, muitos apaixonados partem para a customização, gerando projetos únicos

Não existe tabela ou parâmetro para balizar o preço de itens de coleção, então o valor posto pelo vendedor em questão será a lei. O único norteador oficial do mercado é a FIPE, que avalia o modelo 1990 por R$ 6.699, enquanto afirma que uma 1993 tem preço médio de R$ 7.472. Fala sério, uma RD 350 em regular estado de conservação custando menos que uma Neo? Se encontrar uma dessas pode contatar a redação.

Para saber mais, ver a ficha técnica ou opinar sobre a Yamaha RD 350, acesse o Guia de Motos!

Ficha técnica Yamaha RD 350 R

Motor
Tipo 2 Tempos, 2 cilindros em linha
Cilindrada 347 cc
Arrefecimento Líquido
Combustível Gasolina
Potência Máxima: 55 cv a 9.000 rpm
Torque Máximo: 4.7 kgf.m a 8.500 rpm
Alimentação: Carburada
Partida: Pedal
Transmissão: 6 velocidades
Suspensão e rodas
Suspensão dianteira: Garfo telescópico / Curso 150 mm
Suspensão traseira: Monoamortecedor / Curso 100 mm
Chassi: Aço
Pneu Dianteiro: 90/90-18 51 H
Pneu Traseiro: 110/80-18 58 H
Dimensões e capacidades
Peso a seco: 167 kg
Comprimento: 2120 mm
Largura: 690 mm
Altura do Banco: 780 mm
Distância entre Eixos: 1385 mm
Capacidade do tanque: 18 litros
Preço (FIPE, março de 2021)
1990 R$ 6.699,00
1993 R$ 7.472,00

Guilherme Augusto
@guilhermeaugusto.rp>> Jornalista e formado em Relações Públicas pela Universidade Feevale. Amante de motos em todas suas formas e sons. Estabanado por natureza