Publicidade

Através de uma parceria com a Qianjiang (QJ), um dos maiores fabricantes de motocicletas da China, a Harley-Davidson vai desenvolver novos projetos de motocicletas menores destinadas a atender o mercado da China e outros mercados na Ásia. E antes que se comece a especular sobre o tema, o CEO da Harley-Davidson Motor Company, Matt Levatich, foi indagado (por escrito) pelo Motonline sobre o assunto e ele não menciona o Brasil como destino para esta nova moto. Levatich respondeu (também por escrito – veja abaixo) com mais detalhes desse importante movimento da marca, em meio a uma tensa batalha comercial entre o governo dos Estados Unidos e países da Europa e principalmente com a China, para onde a H-D decidiu direcionar seus esforços para crescer.

A Harley-Davidson pequena que será fabricada e vendida na China

A Harley-Davidson pequena que será fabricada e vendida na China

O acordo foi anunciado na semana passada e confirma a rota de colisão com o que deseja o presidente Donald Trump, que insiste que a indústria americana produza em solo americano. Mas a H-D não tem apresentado nos últimos anos o desempenho esperado pelos acionistas e, para isso, a empresa fez um acordo com a QJ para produzir motos menores na China já definiu a primeira moto, que já está inclusive em fase adiantada de desenvolvimento para logo iniciar os primeiros testes. Trata-se de uma street urbana equipada com motor de 338 cm³, claramente de inspiração na linha TNT da Benelli, marca que pertence à QJ e cujo modelo faz relativo sucesso na Europa. O plano dos parceiros é colocar as primeiras motos à venda nas lojas Harley-Davidson na China no segundo semestre de 2020 e em seguida expandir a venda para outros mercados da região.

H-D na China: para voltar a crescer

E a justificativa para essa atitude é simples: sobrevivência no futuro, já que metade das vendas da marca acontecerão em mercados internacionais até 2027, como prevê o plano “More Roads to Harley-Davidson” anunciado no final de 2018 e que já está em andamento com a chegada de motos elétricas, uma bigtrail e várias outras motos. Tudo para conseguir atrair novos públicos para a marca que hoje tem dificuldade para aumentar suas vendas nos Estados Unidos. Veja o que respondeu o CEO da H-D ao Motonline sobre:

Publicidade
Levatich: Moldando a história do futuro da Harley-Davidson

Levatich: não há como não olhar para a China se quisermos crescer

  • O acordo com a QJ
    • O acordo é colaborar com a Qianjiang Motorcycle Company para lançar uma motocicleta Harley-Davidson menor e mais acessível para venda nas concessionárias Harley-Davidson na China até o final de 2020.
  • Desenvolvimento conjunto
    • Será um desenvolvimento conjunto pela grande experiência da Qianjiang com motos premium pequenas e médias
  • Para quais mercados
    • Para vender na China e depois também abordar outros mercados asiáticos
  • Características das novas motos
    • Por ora será uma motocicleta Harley-Davidson premium, equipada com motor de 338 cm³
  • E o Brasil?
    • (silêncio)
  • Porquê a China?
    • Queremos expandir nossos negócios e para isso precisamos olhar para novos mercados e fazer motos diferentes do que fazemos hoje. Essa é a base do nosso plano “More Roads to Harley-Davidson”, que destina-se a expandir o acesso de mais e novos consumidores à marca Harley-Davidson. Queremos aumentar os negócios internacionais em 50% do volume anual até 2027 e não podemos deixar de olhar para a Ásia, principalmente para a China. A expansão da classe média e o aumento dos gastos do consumidor com produtos premium na China encaixa perfeitamente com nosso plano de crescimento e desde 2018 temos avançado nesta direção, com a expansão da rede de concessionárias, fortes investimentos em marketing, e-commerce e disponibilidade de produtos. E os primeiros resultados mostram que estamos no caminho certo, pois as vendas no varejo da Harley-Davidson na China cresceram 27% em 2018 em comparação com 2017.

Experiência anterior na Índia

Essa estratégia de renovação não é novidade para a marca e já foi testada no mercado indiano com o modelo Street 500, uma custom urbana com motor “pequeno” que na Índia faz frente à força da marca inglesa de fabricação local – Royal Enfield – na mesma classe de motos médias urbanas. Para entender melhor, basta saber que a China é o segundo maior mercado de motocicletas do mundo com 15 milhões de motos vendidas em 2018, atrás apenas da Índia, que vendeu 18 milhões. Confira alguns números que justificam plenamente a decisão da Harley-Davidson:

  • 1.430.000 motos foram vendidas na China em março/2019
  • 457.371 motos foram vendidas nos EUA em 2018
  • 27% foi o crescimento das vendas da H-D na China em 2018
  • 50% das vendas H-D no mundo virá dos mercados do exterior até 2027

separador_harley

Sidney Levy
Motociclista e jornalista paulistano, une na atividade profissional a paixão pelo mundo das motos e a larga experiência na indústria e na imprensa. Acredita que a moto é a cura para muitos males da sociedade moderna.