É comum escutarmos por aí, em rodas de conversas e discussões na internet, que Honda e Yamaha não apresentam produtos relevantes no Brasil. Que oferecem apenas ‘mais do mesmo’ por aqui e que são acomodadas, justamente por dominarem o mercado de motos nacional há mais de 50 anos. Mas esse pensamento está equivocado.
Honda e Yamaha: motos que surpreenderam o Brasil
Na verdade, as duas marcas estão entre as poucas que desenvolvem produtos especificamente para o nosso país – ao invés de ‘apenas’ oferecer aqui modelos criados no exterior. E muitos deles já surpreenderam pela eficiência, criatividade e qualidade. Vamos relembrar alguns.
1. Yamaha Fazer 250
Certamente, um dos maiores cases de sucesso da Yamaha em sua ‘era moderna’ aqui no Brasil. Criada no nosso país, a YS 250 Fazer tinha uma missão clara: enfrentar a super bem-sucedida Honda CBX 250 Twister. O ano era 2005 e o projeto deu certo.
A Fazer era um produto inédito, absolutamente novo no lineup da marca. O destaque ficava a cargo do motor SOHC de 249 cm³, com cilindro em cerâmica e pistão em alumínio, que logo construiria fama pela robustez. Também, pela inovação: era a primeira ‘baixa cilindrada’ do país a ter injeção eletrônica.
2. Honda Biz
A Honda Super Cub é a moto mais vendida do planeta, mas sua descendente C100 Dream estava com dificuldades para cativar o brasileiro. Foi aí que a Honda do Brasil teve a ideia de personalizar seu conceito para atender às preferências locais. Assim surgiu um produto tão inédito quanto bem-sucedido: a Biz.
O conceito foi simples, mas brilhante: manter a identidade da C100 (marcada pela praticidade, chassi underbone e embreagem ‘automática’), porém com visual suave e arredondado, mirando especialmente no público feminino. E o detalhe que virou o jogo foi adotar uma roda menor, de 14″, na traseira. Ela possibilitou que a Biz tivesse um grande e exclusivo espaço sob o banco, que logo seria sua marca registrada. O resultado? Sucesso absoluto. De 1998 para cá já foram mais de 5 milhões de unidades produzidas.
3. Honda Pop 100
Logo a Biz dominou o mercado e transformou-se simplesmente à prova de concorrentes. Mas uma porcentagem de seu público precisava de uma moto igualmente leve e prática, porém mais acessível e resistente. Para atender essa demanda, a Honda criou outro produto específico ao nosso mercado: a Pop, em 2006.
Inicialmente, o design pouco convencional foi alvo de inúmeras críticas. Porém, logo a moto alcançou sucesso, especialmente pelo preço acessível e robustez, ganhando popularidade em regiões mais remotas e até uso em fazendas. Se o êxito começou no Norte e Nordeste, anos mais tarde o modelo ganharia o Brasil durante o boom do delivery, já na era pós-pandemia.
4. Yamaha Ténéré 250
Se o nome Ténéré sempre foi sinônimo de sucesso entre os fãs brasileiros da Yamaha, por que não usá-lo num produto exclusivo para o nosso mercado? Talvez foi isso que tenha passado na cabeça dos diretores da marca quando criaram a XTZ 250 Tenere.
O modelo surgiu em 2011, aproveitando a base mecânica da bem-sucedida XTZ 250 Lander – que, por sua vez, era baseada na já citada Fazer 250. Porém, para fazer jus ao nome, o novo modelo tinha visual próprio, inspirado na icônica Tenere 1200Z. O grande tanque de 16 litros era acompanhado pelo inédito farol duplo e para-brisa alto, tudo para remeter às clássicas Yamaha projetadas para competições de rali. Ficou nas lojas até 2018, quando deu lugar à nova Lander ABS.
5. Honda CRF 250F
Se a presença da Biz nas ruas era impressionante, o domínio da CRF 230F no off-road chegava a ser assustador. O modelo era literalmente onipresente em trilhas, competições e qualquer tipo de evento fora de estrada. Porém, a aventureira era baseada na antiga XR 200 de 1993 e já estava datada. Ao invés de uma atualização, em 2018 a Honda surpreendeu com um produto inédito: a CRF 250F.
A única coisa que ficou da 230 foi o nome ‘CRF’, já que o restante era novo e criado para o nosso mercado. Destaque ao motor de 249 cm³. Se hoje ele é popular na CB 300F Twister e até Sahara 300, foi na off-road que o vimos pela primeira vez. Superior à 230F em todos os quesitos, a 250F precisou de apenas 3 anos para tomar posse do mercado e aposentar sua antecessora.
6. Yamaha Fazer 150
Não é de hoje que Yamaha investe no mercado brasileiro de baixa cilindrada. Lá em 2014 ela surpreendeu ao lançar a YS 150 Fazer, um modelo inesperado para quem já tinha no lineup a bem-aceita YBR 125 Factor. A marca foi criativa e colheu bons frutos por isso.
A Fazer tinha como objetivo entregar uma experiência superior aos pilotos de motos pequenas. Por isso, o nome e visual remetiam à Fazer 250, enquanto adotava um conjunto mecânico inédito – com direito a injeção eletrônica e sistema flex. Outro diferencial estava no acabamento, bem superior ao da Factor e com direito a painel exclusivo. Logo ela ganharia uma irmã, concebida no mesmo conceito, a XTZ 150 Crosser.
7. Yamaha R 15
Até aqui, falamos apenas de motos Honda e Yamaha que foram criadas em solo brasileiro e surpreenderam o mercado nacional. Mas vamos abrir uma exceção para falar de um produto global que ninguém esperava ver por aqui, a Yamaha R 15.
Menor modelo da linha YFZ-R, a pequena esportiva é um sucesso em inúmeros países e foi o principal lançamento da marca por aqui em 2023 – talvez o principal laçamento do setor, aliás. Isso porque a R15 apresenta um nível de construção inédito para as motos de baixa cilindrada aqui no Brasil.
Estrela do Festival Interlagos 2023, a R 15 tem chassi deltabox, balança em alumínio e motor com comando de válvulas variável e arrefecimento a líquido. O câmbio possui 6 marchas, além de embreagem assistida e deslizante, enquanto o painel LCD é completo e há LED no farol e lanterna. Até o ABS nas duas rodas é uma exclusividade no segmento.