Publicidade

A história do motociclismo registra muitos heróis e pioneiros, mas poucos nomes são tão notáveis quanto o de Beryl Swain. Mais que ser a primeira mulher a participar do TT da Ilha de Mana corrida mais letal do mundo, sua trajetória é um capítulo importante na história do esporte e um marco na luta pela igualdade de gênero nas competições de motociclismo. Conheça essa história de mulheres e motos.

Beryl Swain, história e amor por motocicletas

Nascida em 1936, em Londres, na Inglaterra, Beryl começou sua jornada no mundo das motocicletas já depois da fase adulta. Mas isso não diminuiu seu impacto. Assim, foi na década de 1950 que sua paixão por motocicletas realmente acendeu, logo após conhecer e casar-se com Edwin Swain, um entusiasta e dono de uma loja de motocicletas.

Beryl - mulheres de moto

Talentosa, Beryl começou a correr nos anos 1950 e chegou à mais desafiadora prova de motovelocidade do mundo. Porém, foi perseguida por organizadores

Rapidamente, a habilidade de Beryl nas corridas começou a chamar atenção e logo ela estava competindo em eventos locais e nacionais. Seu poder de foco e técnica a destacaram em um esporte dominado por homens – ainda hoje, imagine na época.

Publicidade

Em 1962 que Beryl fez história ao inscrever-se no TT da Ilha de Man. Um evento famoso por sua tradição e prestígio, mas também pelos perigos que representa. Com caminhos estreitos, curvas fechadas, e uma velocidade impressionante, mais de 260 pilotos já perderam a vida na competição.

Pilotando uma Itom 50cc, Swain não apenas competiu, mas também completou a corrida, terminando em 22º lugar entre 25 competidores. Dessa forma, seu feito foi extraordinário, não só pela colocação, mas por abrir caminho para as mulheres no motociclismo de alto nível. Beryl Swain mostrou que as mulheres tinham capacidade, habilidade e coragem para enfrentar o que quisessem.

mulheres e motos abrindo um motor

Abrindo um motor na cozinha de casa. Uma cena comum para Beryl nos anos 1960

Preconceito encerrou sua carreira no TT da Ilha de Man

Apesar de sua conquista, a jornada de Swain ainda viria enfrentar as barreiras do gênero. Sua participação no TT da Ilha de Man gerou controvérsia e sua conquista desagradou os organizadores de provas e pilotos na ocasião. Infelizmente, sua carreira no TT da Ilha de Man não teria uma segunda oportunidade.

Publicidade

 

Naquele mesmo ano, a Federação Internacional de Motociclismo (FIM) introduziu uma regra controversa que exigia que todos os pilotos tivessem um peso mínimo. A princípio, a medida parecia ser uma tentativa direta de impedir a participação de Beryl, que pesava abaixo desse número estipulado, e outras mulheres inspiradas por ela.

Beryl encerrou sua carreira no motociclismo em 1964, coincidindo com o fim de seu casamento com Eddie Swain. A falta de apoio, tanto emocional quanto prático, pode ter influenciado sua decisão de se afastar das competições. Segundo seu irmão, Beryl sabia quando era hora de seguir em frente.

mulheres e motos - beryll swain

Após ser a primeira mulher a participar (e concluir) o desafiador TT da Ilha e Man, Beryl foi vítima do preconceito. Organizadores e pilotos criaram uma regra estabelecendo um ‘peso mínimo’, impedindo a participação de Swain e outras mulheres

Publicidade

Veja também:

Legado de Beryl Swain para outras mulheres de moto

Embora Beryl Swain seja frequentemente lembrada como uma pioneira, é difícil medir o impacto direto de sua presença nas corridas sobre as competidoras femininas que vieram depois dela. Isso porque, foram muitos anos até que mulheres voltassem a competir no TT da Ilha de Man (1978) e no Grande Prêmio de Manx (1989).

Mesmo que a trajetória de Swain muitas vezes foi esquecida ou negligenciada na história do motociclismo, nas últimas décadas vem crescendo o interesse e reconhecimento por sua contribuição pioneira. Beryl Swain faleceu em maio de 2007, na cidade de Epping, Inglaterra, vítima do mal de Alzheimer. Tinha 71 anos.

mulheres e motos

Homenagem a Beryl Swain na parede da residência onde morou a maior parte de sua vida em Londres, Inglaterra

Recentemente, em 2019, sua trajetória extraordinária foi tema na exposição ‘Need for Speed’, realizada em sua cidade natal, Walthamstow, Londres. Organizada por Kirstin Sibley e Rachel Gomes, a exposição trouxe à tona o legado de Beryl, incluindo um passeio com o coletivo de motociclistas VC London e a inauguração de um mural dedicado a ela, pintado pela artista Helen Bur.

A história de Beryl Swain é um exemplo do amor pela motovelocidade e da vontade de quebrar barreiras. Sua luta e conquista no TT da Ilha de Man continuam a inspirar e ressoar no mundo do motociclismo, relembrando a todos que a paixão e a determinação podem desafiar as convenções e abrir caminho para novas gerações.

Thiago Ruanovi
Desde criança apaixonado pelo esporte a motor e através dele, conheceu essa coisa chamada comunicação.