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Várias vezes, em diferentes esportes – incluindo a MotoGP -, equipes montam um ‘dream team’ reunindo lado a lado os melhores atletas da categoria na atualidade. Mas nem sempre é fácil gerenciar os egos ou ímpetos por vitórias dentro de uma mesma estrutura. E é aí que tretas, atritos e uma grande rivalidade podem acontecer.

MotoGP: quando o clima esquenta na equipe

Se isso rola em praticamente todos os esportes imagine na acirradíssima MotoGP. Afinal, estamos falando da principal categoria do Campeonato Mundial de Motovelocidade, a competição esportes a motor mais tradicional do mundo. Bora relembrar 5 vezes em que as equipes montaram times dos sonhos e o clima acabou esquentando entre os pilotos?

1 – Casey Stoner vs. Nicky Hayden

Em 2009, o saudoso americano Nicky Hayden deixou o time de fábrica da Honda depois de dez anos e se juntou ao australiano Casey Stoner, na Ducati. Estavam reunidos os campeões do mundo de MotoGP de 2006 e 2007, respectivamente. O que poderia dar errado?

Stoner e Hayden formaram um time composto por campeões da nova fase da MotoGP, com motores 4 tempos

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Foi uma parceria de dois anos, com rivalidade no time de forma branda. Isso porque Stoner conquistou sete vitórias e mais 10 pódios, já Hayden sofreu para se adaptar à moto da Ducati depois de uma década com o modelo da Honda. O garoto de Kentucky Kid só conquistou dois pódios, todos em 2010. Ou seja, Stoner acabaria ofuscando completamente a imagem do colega, também campeão Mundial.

2 – Valentino Rossi vs. Nicky Hayden

Em 2011, Casey Stoner fez o caminho contrário de Hayden e trocou a Ducati pela Honda… mas a Ducati seguiria com um elenco de peso. Isso porque em seu lugar chegou o nove vezes Campeão do Mundo Valentino Rossi, para ser colega de Hayden.

rossi e hayden na motogp

Enquanto todos esperavam rivalidade de Rossi e Hayden, o desempenho pífio da Ducati fez com que os dois pilotos se unissem… contra a própria equipe

Não era a primeira vez que Hayden via o italiano alinhado à moto na mesma equipe. Os dois já haviam guiado juntos na Honda em 2003, ano que rendeu o último título de Rossi com a marca – foram 3 no total – antes de ir para Yamaha. No entanto, em 2011 a moto da Ducati deixou a desejar e a rivalidade no time não foi entre os dois pilotos, mas sim contra a equipe de desenvolvimento

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3 – Valentino Rossi vs. Jorge Lorenzo na MotoGP

Este é o duelo mais clássico dentro de uma mesma equipe da MotoGP: Jorge Lorenzo e Valentino Rossi, duas lendas do esporte no auge (ou quase) de suas carreiras. O que poderia dar errado? A primeira vez que defenderam as cores da Yamaha juntos foi de 2008 a 2010.

Agora, imagine o clima de competitividade dentro do time. Lorenzo foi bicampeão Mundial de 250cc em 2006 e 2007 e em 2008 estreou na MotoGP. Era, possivelmente, o ‘jovem talento’ mais promissor do grid. Mas ao seu lado estava Valentino Rossi, campeão da MotoGP de 2001 a 2005 – incluindo dois títulos pela equipe atual – e vice em 2006. Qual dos dois deveria ser melhor atendido pela marca, o prodígio ou a lenda?

rossi e lorenzo na motogp

Discussões em coletivas, briga de carenagem na pista e muito mais. O clima na Yamaha era terrível quando dois dos melhores pilotos da história defendiam as cores da marca: Valentino Rossi e Jorge Lorezeno

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Acabou que Rossi, em ótimo estado na carreira, faturaria os títulos de 2008 e 2009. Lorenzo deu o troco em 2010, conquistando seu primeiro título na categoria principal. Mas você acha que acabaria assim?

Insatisfeito com uma série de coisas, Rossi troca a Yamaha pela Ducati, mas tem duas temporadas desastrosas em 2011 e 2012. Então volta para a Yamaha. E quem está lá? Jorge Lorenzo, mas desta vez consagrado como o melhor piloto do time e com o título de campeão Mundial novinho, faturado ao final da temporada de 2012!

Novamente montando para a mesma equipe, a dupla lutou entre 2013 e 2016, terminando em 1º e 2º em sete corridas separadas, com destaque em 2015. Naquele ano, a rivalidade no time de duas estrelas levou a disputa do título do campeonato para a rodada final.

Na época faziam quase 10 anos que essa situação não acontecia. E a dupla Rossi / Lorenzo estava dividida por apenas sete pontos. No fim do embate, o espanhol viria a conquistar o seu terceiro e – último – caneco.

4 – Jorge Lorenzo vs. Marc Márquez

Em 2019 foi a vez da Honda criar uma equipe de multi-campeões. Para isso, Jorge Lorenzo saltou do seu projeto mal sucedido com a Ducati para a nova marca. Por lá, ele se juntou a outro multicampeão consagrado: era a vez de Marc Márquez, então 7 vezes campeão Mundial (incluindo 5 na MotoGP).

No papel, a dupla prometia uma rivalidade no time em grande proporção. Talvez até comparada a briga entre Lorenzo e Rossi, afinal os pilotos eram oponentes desde que Márquez entrou na categoria principal em 2013 – e já haviam disputado títulos, mas em equipes diferentes, claro.

marquez e lorenzo na motogp

Na teoria, ter Márquez e Lorenzo no mesmo time geraria uma grande rivalidade. Porém, a prática mostrou que os pilotos estavam em níveis muito distantes

Porém, não aconteceu. Não rolaram atritos entre os pilotos, pois estavam em níveis diferentes de competitividade. Enquanto Márquez fez sua melhor temporada na história do Mundial (com recorde de 420 pontos e mais um troféu), Lorenzo viveu momentos difíceis. Com 15 largadas somou apenas 15 pontos. Ao final do calendário, se aposentou.

 

5 – Marc Márquez vs. Joan Mir na MotoGP

Saltamos agora para 2022, onde após meses de especulação foi oficialmente confirmado que Joan Mir vai entrar para a equipe da Honda, em 2023. Mais uma vez o multi-vencedor Márquez vai ter um oponente campeão.

mir e marquez na motogp

Novamente a Honda terá dois campeões mundiais (e espanhois) como seus pilotos oficiais. O que pode vir da dupla Mir e Márquez em 2023?

Mir deu o mais recente título da Suzuki (time que deixa a MotoGP ano que vem), em 2020. Naquele ano, Márquez praticamente não competiu em virtude de um grave acidente no início da temporada, algo que também o deixou fora do páreo em 2021 e 2022

Mas Márquez tem se recuperado e promete voltar em grande estilo em 2023, quando terá Mir como companheiro de equipe. Será que Marc estará em nível de brigar pelo seu nono título Mundial? E Mir, a bordo de uma equipe com melhor estrutura pode voltar ao topo da classificação? Estas são só algumas das perguntas que serão respondidas em 2023.

Fernando Santos
Jornalista amante do mundo da moto, vivendo destinos e sons. Ávido por novidades e crescido com o cheiro de motor dois tempos. [email protected]